Definição
A Arte-Terapia é uma prática diferenciada através da criação artística que visa a promoção do bem estar, o desenvolvimento integral criativo, o reforço das capacidades artísticas inatas, a aquisição de competências criativas extrapoláveis para diversas áreas de desempenho pessoal e a melhoria da capacidade de adaptação criativa. É uma intervenção válida nas áreas de saúde, social, educacional, recreativa e cultural.
Na sua aplicação implementam-se recursos técnico-artísticos com potencialidades específicas para aspetos particulares da ativação criativa que se pretende fomentar no indivíduo em foco.
Na Arte-Terapia a tónica é colocada nas potencialidades simbólicas, comunicacionais, criativas e de concretização das Artes. As sessões são
previamente planificadas, podendo ser prescritos os recursos técnico-artísticos de acordo com as necessidades das pessoas em foco. As sessões são previamente planeadas para serem aplicadas.
Quando o fazer artístico é realizado no contexto de uma oficina de artes a dimensão grupal fomenta a interação e inspiração criativa mútua, com efeito condensador de abertura à ideia nova. A Arte é então colocada ao serviço da teoria ou seja é a Arte como Terapia. O seu gradiente operacional suporta-se nas funções terapêuticas da Arte: criação, manifestação, gnose, e esteticidade.
De acordo com as intenções pretendidas coloca-se a tónica nos procedimentos mais apropriados. Da sua implementação fazem parte: o fazer artístico, o processo criativo, o produto criativo, a comunicação não verbal, as funções terapêuticas da Arte e a vivência significativa. Sendo os indivíduos inseridos num ambiente regular propício ao equilíbrio estético e à vivência significativa, essenciais à homeostase criativa, favorece-se o progresso pessoal, a fim do bem estar. Tem uma aplicabilidade ampla: crianças, adolescentes, adultos e idosos.
– Bem-estar;
– Aprazibilidade estética;
– Promoção da criatividade;
– Conformação adaptativa;
– Incremento das competências artísticas na esfera da auto-expressão;
– Colocação em perspetiva criativa;
– Ativação das funções terapêuticas da arte favorecedoras da regulação pessoal;
– Incentivo ao equilíbrio estético;
– Auto-conhecimento estético e desenvolvimento pessoal;
– Estabelecimento de ligação social e aquisição de lugar social;
– Suprimento das necessidades criativas.
Em diversos países a Arte-Terapia é uma profissão per si.
Tendo em conta o seu registo operacional e contexto de intervenção a Arte-Terapia não é uma psicoterapia.
Comtemplam-se duas formas de intervenção em Arte-Terapia com indicações específicas: Vivencial e Temática.
Modelo Polimórfico de Arte-Terapia/Psicoterapia
O Modelo Polimórfico de Arte-Terapia/Psicoterapia compreende diferentes modos de intervenção com recurso à manifestação artística, com parâmetros processuais próprios.
A Arte Terapia caracteriza-se por intervenções planeadas e estruturadas previamente à sua implementação. Compreende dois modos de abordagem:
– Arte-Terapia Vivencial- Focada na utilização espontânea dos recursos técnicos artísticos.
-Arte-Terapia Temática- Caracterizada pela associação de temas aos recursos técnicos artísticos, focando e objetivando o ato criativo.
Quanto à Arte-Psicoterapia, esta pauta-se pela utilização espontânea e não planeada dos recursos técnicos artísticos e pela enfâse colocada na relação arte-psicoterapêutica. Comtemplam-se aqui dois modos de intervenção:
-Arte-Psicoterapia Intensiva- Compreende uma abordagem propícia a intervenções breves, onde a integração de mediadores e a interação intensiva com o arte-psicoterapeuta propiciam a catarse integradoras, afim da modulação psíquica.
– Arte-Psicoterapia Diagenésica- Corresponde a uma intervenção mais adequada a intervenções de longa duração, onde o arte-psicoterapeuta incentiva à criação artística espontânea, com intuito de significação e elaboração analítica, propiciadoras da reestruturação da personalidade.

Crescimento pessoal e expressão criativa
A musicalidade interna, a capacidade de se mover, de dançar, de pintar, de modelar e outros atos criativos, são comuns a todos nós. A criatividade é universal pertencendo ao fenómeno humano e não só a alguns seres talentosos.
Fundamentos teóricos e técnicos
De um ponto de vista lato poder-se-á falar de Artes-Terapias, considerando-as intervenções psicoterapêuticas que recorrem a mediadores artísticos: Pintura, Desenho, Modelagem, Escultura, Colagens, Drama e Jogos Dramáticos, Marionetas, Jogo de Areia, Expressão Corporal, Música, Canto, Poesia, Escrita Livre Criativa e Contos.
O entendimento do fenómeno psicológico em Arte-Terapia deverá ter em conta as perspetivas afetiva-relacional, existencial, cognitiva e psicodiagenésica.
A expressão artística é central nesta psicoterapia. Através do objeto de criação temos acesso a informação e registo sobre o que é, acerca de quê e para quê, como e porquê, sentimentos antes,no momento e após, sentido progressivo para o próprio e para os outros (se num grupo). Assim o objeto de arte tem uma função gnóstica, fornecendo ao sujeito informações sobre si próprio e ao Arte-Terapeuta um registo do processo.
No entanto o objeto de arte não interessa tanto pelo seu valor informativo, ou mesmo estético, mas sim pelo seu valor como mediador da manifestação emocional significativa, como veículo de elaboração e como ensaio do processo criativo. O contexto da criação artística não é usado para análise. O foco desta situar-se-á na relação terapêutica.
Em Arte-Terapia o papel do processo criativo na mudança é central, pretende-se fomentar nos clientes o uso da criatividade, como meio de entendimento do próprio e dos outros e na resolução de problemáticas existenciais.
A função do imaginário é fundamental em Arte-Terapia:
a) Para aceder a pensamentos, sentimentos, memórias, aspetos da personalidade e do self, alguns dos quais sem representação mental consciente e carecendo se serem integrados;
b) Para uma mais intensa e profunda compreensão do sentimento ou situação;
c) Para desenvolver a capacidade de intuir, consciencializar e agir através de opções criativas, evitando o recurso a uma cognição prematura e limitada, bem como à relação impulsiva.
A experiência artística pode intensificar a expressão de vivências, bem como incrementar o equilíbrio estético pela reconfiguração consciencializada de representações inconscientes e de afetos ligados ao sensorial. Através da mobilização das pulsões inerentes ao processo criativo próprio ao fazer artístico propicia-se a sua satisfação sublimada e modulação. A facilitação da tais transformações afins do significar integrado em tomadas de consciência pode ser importante para promover a riqueza, a vitalidade e a qualidade da vida psíquica. Imagens de transformação e mudança, representadas nas criações artísticas, dão expressão à função reparadora, no decurso do processo arte-terapêutico/psicoterapêutico.
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