Caminhos Partilhados
Por Ruy de Carvalho
Setembro de 2015
Alguns dos momentos áureos da vida são aqueles que se compartilham com quem vibra com o mesmo entusiasmo e almeja os mesmos sonhos.
No presente ano de 2015 a minha actividade na SPAT proporcionou-me dois momentos, que apesar das vicissitudes, me deixam cheio de gratidão e pleno de memórias fervilhantes proporcionadas pelas experiências.
O primeiro a que me refiro tem a ver com o V Congresso Luso Brasileiro de Arteterapia, realizado em Maio deste ano, organizado pela Associação de Arteterapia do Rio de Janeiro, tendo eu sido convidado pela Dr.ª Ângela Philippini, Diretora da Clínica Pomar. Para além da qualidade científica, para a qual pude modestamente colaborar com um workshop e uma conferência, há que ressalvar o calor do afeto com que Portugal e a SPAT foram referenciados. Foi uma fantástica oportunidade para rever amigas de longa data, nesta já espaçada caminhada que temos feito pela Arte-Terapia: Selma Ciornai, sempre tão afável e erudita; Otília Rosângela, com uma suavidade eloquente; Lígia Diniz, que apoiou a realização do Congresso enquanto Presidente da Associação de Arteterapia do Rio de Janeiro, bem como Ana Alice Francisquetti minha pintora brasileira preferida, Patricia Pinna Bernardo, e muitas outras… Provavelmente ter-me-ia esquecido do nome de muitas arte-terapeutas brasileiras, mas são tantas as que se têm cruzado nos nossos caminhos, colaborando para os enriquecer!
É fantástico o desenvolvimento que a Arte-Terapia tem tido no Brasil. Faço a ideia o quanto se irá afirmar quando se libertar do confinamento referencial a que por vezes se subsidia e sedimentar os parâmetros da intervenção.
Quanto ao outro momento, acabou por dar suporte à realização de um sonho antigo que se materializou numa vivência fabulosa. Refiro-me ao convite feito pela Elida Matsumoto para que eu fosse realizar durante o mês de Agosto passado, formação em Arte-Terapia no Japão. Elida é uma artista plástica fabulosa premiada por várias vezes no japão e Terapeuta em Healing. Mas as suas características mais incríveis são a energia transbordante, junto com a sua capacidade de iniciativa e o entusiasmo com que acredita nos seus sonhos. Elida constatando que a Arte-Terapia é um pouco diferenciada no Japão acredita que poderá dar origem a um movimento formativo credível, introduzindo aí uma Arte-Terapia fundamentada e diferenciada. Considerando que encontrou isso na SPAT lançou-nos o repto de organizarmos uma Pós-Graduação no Japão.
A minha impressão no primeiro contato formativo foi avassaladora e surpreendente. Permitiu-me constatar a validade e universalidade da metodologia desenvolvida para a Arte-Terapia pela SPAT em Portugal.
Assim, a nossa perspectiva permitiu-me ir para além das dificuldades inerentes às diferenças culturais, sendo possível aos participantes japoneses num workshop prático deixarem emergir aspectos da comunalidade universal que há na profundeza da psique. Para mim foi surpreendente também ultrapassar alguns dos meus mitos sobre os japoneses. Tocou-me muito descobrir a sensibilidade, a criatividade, a afabilidade e a preocupação em se cuidarem mutuamente dos formandos japoneses. Deixo os testemunhos de uma das pessoas, Otsu Toshihiro. Foi extraordinário!
” Dear, Dr. Ruy
Have you gone back Lisboa and feeling all right?
I was very glad to meet you and thank you very much your art therapy lecture.
If it is possible, I want to receive your therapy every day.”
Otsu Sam
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